Clássico no futebol é muito bom, o clima de festa é maior e a disputa mais acirrada, mas na política não cabe o clima de “Fla x Flu”. Momentos críticos pedem análises serenas e não torcida acrítica e seguidismo cego.
Até pouco tempo os vazamentos eram criminosos e tendenciosos. Por Lula e Dilma não serem mais os protagonistas, mas Aécio e Temer serem os alvos da vez, deixaram de ser? Estado de Direito só para os políticos do meu campo e nada de legalidade para os outros?
Uma operação jurídico-policial, por mais nobre que sejam os propósitos, não pode “jogar” para a plateia a fim de um massacre público e que as ridicularizações prévias sirvam de jurisprudência, prova e tese jurídica para influenciarem as decisões e sentenças. Por que esses vazamentos ocorreram agora e contra, principalmente, Aécio e Temer? Não sei da resposta, mas tenho a certeza de que não foi sem querer, tudo foi muito bem pensado e ensaiado. Por ter a Rede Globo encabeçando tudo isso, boa coisa não deve ser. Acostumei-me a estar sempre do lado oposto ao da Globo nas batalhas políticas, não que eu assim quisesse, mas porque as Organizações Globo sempre foram antipovo, subserviente ao mercado financeiro e aos interesses internacionais.
Meu lado “emoção” acha o máximo tudo o que está acontecendo com as figuras em questão, pois continuo achando que tivemos um Golpe no nosso país e que a agenda imposta pelo Governo Temer é maléfica para a nação brasileira e a classe trabalhadora, e que de alguma forma tudo isso pode emperrar os retrocessos propostos por Temer. Mas meu lado “razão” diz que não podemos ajudar a matar a República e a Política – partidos e políticos jogados todos na vala comum, num enredo que quer se demonstrar que de um lado ou de outro não se salva ninguém. Que os supostos responsáveis pelos malfeitos sejam investigados e julgados com seriedade. No final das contas eu sou mais razão que emoção.
Nosso Estado e nossa Democracia são de caráter burguês e nos marcos do capitalismo. Não dá para termos a ilusão de que as estruturas do Poder são perfeitas, porque não são! Mas mesmo com suas vicissitudes, o zelo maior ainda deve ser pela nossa Constituição, nossa Democracia e nosso Estado brasileiro. Em tempos de confusão, como já dizia Paulinho da Viola “faça como um velho marinheiro, que durante o nevoeiro, leva o barco devagar”.
Ir para a rua é importante, mas a esquerda que habitualmente ocupou as ruas do país no pré e pós Golpe não pode ficar presa no esquerdismo e grupelhos acostumados com suas agendas cheias de particularidades. A esquerda precisa finalmente entender o que é AMPLITUDE POLÍTICA. Sei que alguns setores nunca entenderão isso (lembro de um episódio no ato da Greve Geral em Maceió, em que que uma personalidade da política nacional foi impedida de falar, mesmo estando contra as reformas Temer e apoiando a Greve, por pura estreiteza política e esquerdimo). Ao invés de corrermos para nossos companheiros esquerdistas, que corramos para dialogar com o povo organizado nas Igrejas, com as entidades de classe que habitualmente não atuam nos momentos sociais, como a OAB, e com partidos políticos de A ? Z que independente da ideologia também querem um projeto nacional.
Além de amplitude é necessário unir o país numa agenda de consenso. Para isso acontecer não dá para chegar na mesa com agenda já definida. É necessária flexibilidade para construir as saídas para o Brasil.