O lançamento da Frente Parlamentar Suprapartidária pelas Diretas Já e a convocação de nova paralisação geral para o próximo dia 30 são lances de uma batalha de grande dimensão – por uma saída política para a crise -, que se depara com muitos obstáculos.
O primeiro deles é a persistência de larga maioria governista, na Câmara e no Senado, que mesmo permeável ? hipótese de afastamento de Temer trabalha com uma solução negociada no âmbito do próprio Congresso, via pleito indireto.
Sequer aceitam, por enquanto, votar uma das duas PECs que tramitam, no Senado e na Câmara, que se aprovadas viabilizariam as diretas.
Outro obstáculo reside no interior do movimento pelas diretas, onde manifestações de estreiteza, sectarismo e intolerância o represam.
Ocorre que o vértice da questão não está propriamente a forma de solução para o impasse, mas precisamente no estancamento da agenda regressiva neoliberal. Para tanto, em favor dos trabalhadores e da nação, tudo há de ser feito para estancá-la – por todos os meios que se apresentem.
Aí pesa sobremaneira a variável tempo, pois enquanto se sucedem fatos crescentemente desagradáveis, digamos assim, envolvendo próceres governistas proeminentes e o próprio presidente ilegítimo, a reforma trabalhista segue seu rito no Senado e o mesmo se pretende fazer com a reforma previdenciária.
Assim, a campanha das diretas já há que se ampliar e ganhar força rapidamente. Por todos os meios possíveis – no parlamento, nas redes sociais, nos salões e nas ruas.
Urge superar a defasagem entre o desejo majoritário – superior a 80 por cento da população, segundo pesquisas recentes – de realização do pleito direto e o tamanho da pressão na ruas.
Superar a dimensão ainda reduzida do arco de forças sociais e políticas efetivamente envolvido na campanha – hoje basicamente composto pelos partidos situados ? esquerda, as centrais sindicais e entidades do movimento social, como a UNE e tantas outras e personalidades influentes.
É muito, mas ainda não muito. Diferentemente da campanha pelas diretas em 1984, que contava com importantes setores situados ao centro e o empenho direto de governadores e outros mandatários; e, a partir de certo instante, com parte significativa da própria mídia monopolizada.
Por oura parte, nesse contexto, mesmo em minoria, as forças democráticas não podem se furtar ? complexa peleja do diálogo plural e da exploração de todas as possibilidades de rachaduras na base parlamentar governista.
Interditar essa trincheira seria tão inconsequente quanto debandar para a pura e simples agitação e para o protesto “principista”, ? margem do curso real dos acontecimentos.
Bons seguidores do gênio tático João Amazonas, os comunistas encaram a luta em todas as suas possibilidades, com a autoridade de ocuparem a linha de frente do combate nas ruas.
Como ocorreu na derrocada da ditadura militar, em que se fez a batalha onde ela se apresentou e não apenas aonde gostaríamos que ela exclusivamente acontecesse.