Em relação ao esgarçamento das estruturas republicanas, das mais fraturadas são aquelas que representam o voto popular, por onde a sociedade expressa, bem ou mal, a sua participação nas questões decisivas aos destinos do País.
Já o governo Temer, nascido de uma óbvia conspiração que envolve múltiplos interesses, incluindo a grande mídia hegemônica como agente proeminente, associada aos objetivos de rapina do capital financeiro, do rentismo parasitário, encontra-se absolutamente encurralado pelas suas próprias circunstâncias de ilegitimidade.
As agressões ao regime de Direito Democrático sempre foram uma constante ao longo dos vários períodos das instituições republicanas, inclusive durante esses vinte e oito anos da Nova República, após a promulgação da Constituição de 1988.
Quanto ao constitucional processo de impeachment do presidente da República, tem sido usado várias vezes, muito menos observada a letra da carta magna, e bem mais por razões particularistas de grupos políticos derrotados nos pleitos eleitorais presidenciais.
Criou-se uma cultura, no tecido social, na mídia hegemônica, de que a associação de fatores de natureza econômica, externa e ou interna, com dificuldades, menores ou mais graves, na base de sustentação dos governos são fatores justificáveis para a derrubada do governante.
Assim foi que entronizou-se o ilegítimo Temer, via um leque de poderosos grupos econômicos e políticos que não aceitaram, porque simplesmente não queriam, a reeleição da ex-Presidente.
Formou-se uma espécie de “jurisprudência política” de que qualquer mandatário pode ser apeado do poder conferido pelo voto popular, desde que as circunstâncias assim o permitam.
Carlos Lacerda, justiça se lhe faça, golpista contumaz, conspirador nato, fez escola na política nacional.
No século XXI essa anomalia antidemocrática agravou-se com a revolução midiática, as redes sociais e a alucinógena pós-verdade.
Com a sociedade fragmentada em tempestades de ódios, o País necessita, além da autoestima perdida, do sentimento democrático vilipendiado, de um projeto estratégico de desenvolvimento.
Do sentido elevado de nação e brasilidade, em uma gravíssima crise institucional fruto de crônicos males Históricos que se repetem, como esse golpe do Temer, contrários ao País, ao povo brasileiro.