Os jornais registram hoje a persistência do Planalto em ter na chefia do governo, a partir de 2019, novamente um emedebista — agora através das urnas —, por mais difícil que seja a empreitada.
E é mesmo difícil.
Nas pesquisas que se tem divulgado, oscilam por pouco os números convergentes que traduzem índices de rejeição histórica da quase totalidade dos brasileiros, tanto ao governo como ? figura de Temer.
Mais: ultrapassa os 80% os que resistem a votar em qualquer candidato identificado com o governo.
Daí se especular que nem Temer nem Meirelles são nomes com um mínimo de condição de enfrentar a peleja.
Nem parece existir outro nome na mesma legenda.
E entre os partidos que se ajuntaram na feitura do golpe que afastou Dilma, são várias as pré-candidaturas, mas nenhuma com poder de aglutinação do campo governista.
No outro polo, as oposições vivem ainda a incerteza quanto ? viabilidade da candidatura de Lula, cuja liberdade emerge como bandeira unificadora, e vivem a fase preliminar da apresentação de diversas candidaturas, que poderão ou não convergir para um único nome já no primeiro turno ou num hipotético segundo turno.
Entrementes, informe do Banco Central dá conta de que 68% das instituições financeiras em operação no País temem o resultado do pleito presidencial. Ou seja, o todo poderoso mercado não vislumbra uma candidatura de sua confiança despontando na raia com chances reais de vencer.
Intranquilidade não apenas do sistema financeiro, mas também de segmentos diversos da economia, que não se arriscam em investir em ambiente de imprevisibilidade.
Na última segunda-feira, por ocasião do ato comemorativo dos 75 anos do Senai em Pernambuco, na Federação das Indústrias, pude conversar com vários empresários de diferentes segmentos e deles ouvir, em uníssono, palavras de dúvida e de insegurança.
Na verdade, os fatores de instabilidade e de imprevisibilidade percorrem dois trilhos: o da inviabilidade das soluções de cunho neoliberal na realidade brasileira; e o da fragmentação das correntes políticas, em ambos os lados da disputa.
No campo governista, busca-se um candidato (ou candidata) e um programa que preserve os interesses dominantes e acene (o que não está fácil) ao eleitorado com algo que pelo menos amenize a crise social.
Nas oposições, por enquanto persiste as expectativas do PT em torno de Lula, a despeito dos impedimentos legais; e os esforços de autoafirmação dos demais pré-candidatos, particularmente de Ciro Gomes e Manuela D’Ávila.
Verdadeiro jogo de xadrez em que os próximos movimentos poderão desenhar, com razoável nitidez, a verdadeira disputa que se instalará — que candidaturas poderão polarizar a pugna, de um lado e do outro.