A atual conjuntura política brasileira exige das forças progressistas e democráticas a unidade, através de uma frente ampla, capaz de restabelecer a democracia e romper com a agenda golpista implementada pelo governo Michel Temer.
Após o golpe parlamentar-jurídico-midiático, enrustido de Impeachment, que derrubou a presidente Dilma Rousseff legitimamente eleita, sem crime de responsabilidade, o Brasil tem enfrentado inúmeros retrocessos políticos, sociais e econômicos, fruto do desmonte do Estado Nacional, realizado por Temer-Meireles, aniquilando direitos da classe trabalhadora e entregando o país ao rentismo parasitário.
Não bastasse isso, o país atravessa a nova natureza do estado de exceção, em que os mecanismos do autoritarismo típico passam a existir e conviver dentro da rotina democrática, como afirma o jurista Pedro Serrano, através da Operação Lava-Jato, que surge como uma investigação necessária e se transforma numa operação contra a democracia.
Neste sentido, é necessário compreender, como bem frisou o jornalista Paulo Moreira Leite, em seu livro “A outra história da Lava-Jato”, que os protagonistas da lava-jato não teriam chegado onde chegou “se suas atuações não atendessem os interesses econômicos e políticos capazes de mobilizar a parcela mais influente da sociedade, mas incapaz de se impor pelas urnas, onde cada homem vale um voto”.
É neste cenário que o ex-presidente Lula é condenado e, posteriormente, preso, mesmo sem o trânsito em julgado, com objetivo claro de impedir a participação do petista nas eleições de 2018.
Apesar do Partido dos Trabalhadores, legitimamente, insistir na candidatura do ex-presidente, dificilmente a candidatura de Lula resistirá até o final das eleições. Além disso, até o momento, o PT ainda não apresentou nenhuma plataforma política capaz de superar os problemas atuais do país (mesmo diante do esforço louvável frente da Fundação Perseu Abramo).
Mas é preciso poupar o PT. Sigamos.
Logo, emerge a necessidade do campo progressista unir forças para enfrentar os candidatos do planalto (Temer, Meireles e (ou) Alckimin) e da extrema direita (Jair Bolsonaro).
Para que haja esta união é necessário a construção de uma Frente Ampla, capaz de aglutinar o maior número de forças democráticas e progressistas possíveis, com intuito de colocar o país na retomada do desenvolvimento.
Cabível frisar que Frente Ampla é diferente de Frente de Esquerda. A Frente Ampla exige dos participantes a superação das divergências e a união em torno de um projeto de país compromissado com os interesses nacionais.
Além disso, como manda Lênin, é necessário enfrentar a realidade concreta ? luz da realidade concreta. Ou seja, não há saídas a não ser o enfrentamento da realidade.
Logo, nesta frente, não há espaços para vaidade. Não há espaços para sectarismo e divisionismo. Sendo assim, não cabe vaias para Aldo Rebelo (SD), assim como não é oportuno rechaçar aliança com Renan Calheiros, que apesar de compor o MDB, é uma peça de extrema importância na defesa da democracia e na oposição ao governo Temer. Portanto, a regra é transformar a realidade e para isso é necessário reunir, ampliar e acumular forças.
Manuela d’Ávila (PCdoB), Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL), Aldo Rebelo (SD) e Lula (PT), são os nomes capazes de fazer parte desta frente. Ademais, também será possível contar com Partido Socialista Brasileiro (PSB), que desde 2016 vem buscando o reencontrar os caminhos da esquerda.
Não é ? toa que as fundações partidárias do PT, PCdoB, PDT e PSOL lançaram o manifesto “Unidade para reconstruir o Brasil”.
Nesta seara, Manuela D’Ávila (PCdoB), larga na frente ao defender diálogo com os progressistas, em especial, Ciro Gomes (PDT), visto que é uma candidatura construída ao longo dos anos e que, até o momento, a que possui um Projeto Nacional de Desenvolvimento claro e estratégico.
Portanto, é chegado a hora de superar as divergências e unir forças em torno do objetivo em comum, em defesa do país e do povo brasileiro.
O caminho, mais uma vez, é longo, mas a vitória é certa.