A quarenta dias das convenções partidárias, permanece a dispersão de forças — nas oposições e nas hostes governistas.
Aqui na província, quando se frustram tentativas de entendimento em busca de um objetivo comum, se usa essa expressão popular: se só tem tu, vai tu mesmo.
É possível que o rentismo em sua expressão política, que perpassa os partidos de centro-direita e de direita, organizações empresariais e o complexo midiático, ainda não tenha esgotado as chances de ter, afinal, a candidatura que lhe represente (em associação com as elites mais retrógradas) e que unifique forças suficientes para suplantar o ex-capitão de extrema direita (que não lhe inspira confiança) e disputar o pleito com possibilidades reais de vitória.
Até os minutos finais da prorrogação muita coisa ainda pode acontecer, que nem nos jogos da recente Copa do Mundo.
Mas a coisa anda confusa e ao candidato certamente de maior confiança, Geraldo Alckmin, aparentemente tem faltado competência para juntar os demais.
De toda sorte, em algum grau essas forças comprometidas com as políticas ultra liberais haverão de se somar.
Do ponto de vista dos interesses reais da nação e do povo, ruim é que prevaleça cenário semelhante no campo oposicionista.
Disputar com quatro candidaturas de esquerda, mesmo que se respeitem entre si e mirem o alvo comum — pois não têm divergências tão profundas, como diz a deputada Manuel D’Ávila, pré-candidata pelo PCdoB —, será um risco enorme.
Tudo bem que distintas correntes políticas desejem expressar com nitidez suas propostas programáticas. Mas não se pode resvalar para a hipótese reducionista de marcar posição.
Uma unidade agora geraria a possibilidade real de um segundo turno polarizado entre uma coalizão de esquerda e progressista contra o centro-direita.
Mas, é óbvio, falta combinar com os russos.
A jogada de alto risco do PT, que persiste na pré-candidatura do ex-presidente Lula a todo custo, e a resistência a alianças por parte do pré-candidato do PSOL conduzem a um impasse, já que o PCdoB e o PDT têm se mostrado mais acessíveis a uma composição.
Pode-se supor que a sociedade está polarizada em sua base, como esteve em 1989, e venha novamente a ignorar candidaturas estruturadas sobre lastro partidário forte e leve a um segundo turno essa polarização.
Esquerda versus extrema direita? Ou não tanto assim, mas entre candidaturas ? testa de composições em que fronteiras programáticas estejam mais ou menos borradas, como comumente acontece?
O PT parece jogar nessa hipótese, arriscando uma possível substituição de Lula na undécima hora em nome da polarização na base da sociedade. Será?
Em último caso, do lado de cá da peleja, se deve evitar por todos os meios que tenhamos que enfrentar as urnas plenamente divididos. Pelo menos uma unidade parcial se impõe como absolutamente necessária.
Se tivermos que adotar a alternativa só tem tu, vai tu mesmo o grau de imprevisibilidade quanto aos resultados chegará ao extremo.