O Brasil continua a viver sob uma intensa Guerra Híbrida cujo objetivo tem sido a fragmentação do tecido que compõe a sociedade nacional e assim possibilitar aos grandes grupos de financistas internacionais, especialmente os especuladores rentistas, auferir lucros estratosféricos provenientes das riquezas nacionais.
A polarização política, extremamente carregada de simbologia ideológica, tem dado a tônica ao discurso da intolerância seja no mundo institucional ou entre grupos de ativistas nas redes sociais, de tal forma que tem sido impossível qualquer convivência e diálogo entre segmentos opostos.
Poucos percebem que, apesar de reais, existe uma extrema artificialidade, que nos tem sido imposta, os conflitos de ódios irracionais que pululam online sejam nos diversos aplicativos usados pelos indivíduos, ou através dos veículos da grande mídia hegemônica presentes na internet.
Qualquer diferença de opiniões tem sido a gota d’água para posturas irracionais, o termo é esse, que descambam para verdadeiros pugilatos verbais, ou até físicos. Esse fenômeno assumiu proporção cavalar a partir, mais ou menos, de 2013 e de lá para cá só tem aumentado.
É possível que setores das novas gerações, agora chamada de Geração Z, não tenham ideia ou memória de outras formas de convivência democrática entre opiniões distintas. E muitos outros se tinham alguma lembrança a perderam ou foram engolidos por essa onda de irracionalidade que se faz presente nos dias atuais.
Como também ressurge com vigor o tal do patrulhamento ideológico, peça vital na guerra híbrida atual, viral na grande mídia e nas redes sociais, que se desdobra em dois níveis: entre os dois polos visceralmente antagônicos e em meio aos próprios polos.
Provocando a falta de oxigênio que asfixia as ideias em geral, a pobreza de opiniões e de reflexão sobre os fenômenos, sejam eles sociológicos ou de qualquer outro tipo.
Como disse o escritor, Historiador, filólogo italiano Umberto Eco: as redes sociais deram voz ? idiotia, e o pior é que ela lidera as linhas de pensamento e opiniões em voga.
Assim a incontestável revolução tecnológica digital dos dias atuais está promovendo, pelo menos até o momento, o empobrecimento das relações sociais, o apequenamento das discussões políticas, a incapacidade, por isso mesmo, da boa análise sobre os acontecimentos em curso.
Por exemplo, se você citar Gabriel Garcia Márquez ou Mário Vargas Llosa dois latino-americanos gigantes da literatura universal, prêmios Nobel de literatura, autores, dentre outros livros, de Cem anos de solidão e Conversa na Catedral, respectivamente, a tendência é que não se discuta o enorme valor literário de sua obras mas que você seja chamado de esquerdista ou conservador, dependendo do lado que seja atacado.
Na verdade esses tempos não deram voz apenas ? idiotia a que se refere Umberto Eco, mas igualmente ao oportunista e ao burocrata.
Todos proliferam sempre onde haja a pobreza de espírito, enquadramento ideológico e rígido. Isso porque são espécies anaeróbicas, ou seja, não proliferam onde exista oxigênio, ar para respirar.
Enfim, é como já se disse: quem pensa unicamente por slogans, não pensa, reproduz o mesmo.
Quem cria poesia através de chavões ideológicos e palavras de ordem, não cria, os reproduz. O puro ativismo, sem a devida reflexão e o estudo crítico, é endogâmico. Todos são, paradoxalmente, conservadores. Não importa a linha política ou mesmo a ideologia que se professe.