Ao se ler o livro? O progressista de ontem e o do amanhã, do cientista político Mark Lilla, tem-se a certeza que os seus argumentos e análises referem-se igualmente ao recente processo eleitoral realizado no Brasil, quase que literalmente.
De tal forma que por aqui também parece existir a polarização entre os Partidos Democrata e o Republicano dos Estados Unidos, especialmente o confronto das políticas Identitárias fomentadas desde os anos 80, hoje sob a hegemonia do clã dos Clintons, apoiada pelas estratégias dos grandes especuladores financeiros do tipo George Soros e outros, versus uma outra casta de financistas aliada ao presidente Trump.
Os Democratas norte-americanos, afirma Mark Lilla, teriam abandonado as grandes linhas de administração e políticas que falavam para o conjunto da nação e assumiram a orientação multiculturalista de parcelas da sociedade, que passaram a condenar as grandes maiorias sociais por injustiças cometidas ? s chamadas minorias.
Espertamente Donald Trump tirou proveito da crise estrutural, da desindustrialização que vive os EUA e pôs a culpa nos Democratas, sob a orientação do estrategista e marqueteiro Steve Bannon. O mesmo que atuou nas eleições no Brasil.
As políticas Identitárias atuais dos Democratas e o discurso demagógico, chauvinista da ala de extrema direita Republicana de Donald Trump representam um dos tempos mais medíocres da História dos Estados Unidos.
De tal forma é a influência dessas duas correntes em disputa nos EUA, aqui no Brasil, que jornalistas, analistas afirmam que os blogs, portais, a grande mídia e o mundo da política nativa encontram-se cada vez mais alinhados e semelhantes ? linha dos Democratas e Republicanos norte-americanos.
Exatamente nas coisas eivadas de uma carga ideologizada fora da realidade, que serve a interesses que promovem a desunião do povo brasileiro tais como uma antropologia binária, que não é a nossa formação Histórica policrômica, mestiça, a nossa visão de um Estado laico, a tradição do culto de sincretismos religiosos tradicionais celebrados em muitas manifestações populares como as afro-católicas, por exemplo.
O governo Bolsonaro possui claros sinais de uma política incongruente onde se misturam alguns interesses nacionais com um neoliberalismo extremado da Escola de Chicago que já não é praticado nem nos EUA, onde se pauta a independência do Banco Central, mas não o dos EUA, eufemismo para doação do nosso BC ? s finanças globais, uma reforma da Previdência Social que privilegia o sistema financeiro, penaliza a classe média e os pobres, privatização desbragada de empresas estatais estratégicas etc. etc.
A sua política externa é uma cópia, com tintas de religiosidade puritana, da visão supremacista do governo Trump.
Pior, desvia-se da tradição multilateralista do Itamaraty na mediação diplomática, dos nossos objetivos nacionais, abrindo mão da liderança regional hemisférica, cujas consequências têm sido a crescente presença geomilitar da Rússia, a comercial da China, na região perigosamente conflituosa como a Venezuela. Resultado do vácuo que vai sendo deixado pela nossa ausência de uma diplomacia estratégica eficiente, mediadora e propositiva.
Essas potências estão jogando o jogo delas, o Brasil é que está abrindo mão do seu papel Histórico.
Já setores de “esquerda” insistem no discurso Identitário, que a levou a uma derrota eleitoral “acachapante” e plebiscitária, cuja matriz é patrocinada por megaespeculadores como George Soros e ONGs que atuam no mundo visando desestabilizar, fraturar os povos.
É surreal a existência de 800 mil ONGs atuando alegremente no País, muitas delas contrárias ? nossa soberania, desenvolvimento econômico, associadas a Países que sabotam o nosso protagonismo internacional.
Assim, diante desse caldo tóxico de ódios, intolerâncias mil, “guerras ideológicas”, da pós-verdade onde o que menos vale é a análise concreta da realidade concreta, a racionalidade, é aconselhável ficar com os princípios indeclináveis em defesa da nação, do espírito progressista, das liberdades democráticas.