VIVA AOS 200 ANOS DE TRABALHO, SUOR E SONHOS DE UM POVO GUERREIRO!
PARABÉNS, MACEIÓ!
Há exatos 200 anos, a vila de Maceió foi desmembrada da então Vila de Alagoas. Beneficiado com um porto natural, onde as embarcações portuguesas passaram a escoar a exploração das riquezas de nossa floresta litoral e o açúcar produzido na região, o povoado em torno do porto adquiriu as condições para se estabelecer como o principal espaço do desenvolvimento local.
Maceió se constituiu nesses 200 anos em um complexo centro urbano, permeado de contradições, desigualdades e ao lado de uma beleza natural imensurável. Nas últimas décadas, em especial, Maceió passou por muitas transformações, acompanhando as mudanças que o Brasil viveu nesse último período. Essas mudanças possuem impactos diretos na vida da maioria da população, mesmo com a permanência e, em muitos casos, o agravamento de problemas sociais e limitações estruturais e políticas.
Se considerarmos o aumento populacional das duas últimas décadas, Maceió passou dos mais de 629 mil habitantes em 1991 para mais de 932 mil em 2010. Na estimativa do IBGE, para 2015 foi ultrapassado o número de 1 milhão de habitantes. Trata-se de um crescimento de 48% da população em 20 anos, e de 60% se considerado o dado de 2015.
Tal crescimento expandiu a área ocupada da cidade com a criação de vários bairros populares, em sua maioria com a formação de centenas de favelas a exemplo do caso da Sururu de Capote, muitas das quais ainda existentes mesmo com os recentes avanços no âmbito das construções de conjuntos habitacionais, com destaque para o programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida.
Esse fenômeno somado a ausência da ação planejadora do Estado contribuiu para a degradação do espaço ocupado, o rio Salgadinho hoje se configura como um canal de esgoto e a lagoa Mundaú poluída é cada vez menos fonte de riqueza e aprofunda a situação de pobreza das comunidades em seu entorno.
Com 50 bairros repletos de particularidades, Maceió assume uma característica onde o espaço territorial ocupado é reflexo majoritário da composição social da cidade, possuindo poucos bairros “sofisticados” e a grande maioria dos demais, precários em infraestrutura urbana, com limitado acesso aos direitos básicos e graves problemas sociais.
As transformações ocorridas nos últimos anos por meio dos programas sociais, da política de valorização do salário mínimo e do crescimento econômico que o país como um todo vivenciou, possuem números significativos na realidade de Maceió. A relação de pessoas que viviam na extrema pobreza e abaixo da linha da pobreza caiu de 11,53% e 31,92% em 2000 para 5,29% e 15,57 em 2010, respectivamente.
Entretanto, nesse mesmo período, a desigualdade de renda pouco se alterou. De acordo com o índice de Gini, que é utilizado para medir a concentração de renda de uma sociedade apontando a diferença dos rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos, no período de 1991 a 2010 ocorreu um aumento na desigualdade, variando o índice em 0,62 para 1991, 0,66 para 2000 e 0,63 em 2010. É importante observar que enquanto a desigualdade cresceu no período neoliberal da década de noventa, nos últimos dez anos, período dos governos Lula e Dilma, ocorreu uma importante redução desse índice.
A enorme desigualdade existente também se demonstra pelo Índice de Desenvolvimento Humano, dados divulgados no Atlas do Desenvolvimento Humano permitem equiparar o bairro da Ponta Verde com a Noruega, enquanto as grotas do Benedito Bentes estariam para Angola. Essa discrepância enorme é uma das principais marcar da bela Maceió.
É evidente que muitos avanços foram conquistados ao longo desses 200 anos. De uma vila, a cidade se tornou uma das maiores capitais da região Nordeste do país. O alto nível de desenvolvimento cultural permite aos maceioenses desfrutar da memória e do testemunho presente de inúmeras personalidades que deram e dão grandes contribuições nas mais variadas áreas em que atuam.
Mas no exercício das comemorações do bicentenário é preciso refletir sobre o futuro, estabelecer quais são as prioridades de uma grande cidade com problemas estruturais. Mais que celebrar, precisamos debater com o conjunto da população as necessárias saídas para que se consiga ofertar condições para uma mobilidade urbana moderna, para elevar a qualidade e universalizar todos os serviços públicos, além de garantir o desenvolvimento local casado com o combate ? s abissais desigualdades de renda e oportunidade.
Nossa cidade é fruto dos esforços, trabalho, suor e sonhos de todos que na busca pela sobrevivência constroem uma engenharia coletiva. A Maceió de todos nós é mais que um belo cartão postal. É vida, luta e onde todos devem ter o direito ? felicidade garantido.
Viva os 200 anos de Maceió!
Maceió, 05 de dezembro de 2015
Comitê Municipal do Partido Comunista do Brasil – PCdoB