Na abertura do 14º Congresso do PCdoB, realizado em Brasília, nesta sexta-feira (17), a presidenta nacional da legenda, deputada Luciana Santos (PE), reafirmou a importância do partido na disputa eleitoral de 2018. Segundo ela, neste ambiente de golpe que vive o país desde o impeachment sofrido por Dilma Rousseff, em 2016, as eleições se tornaram a “principal arena de luta de classes”.
“Teremos uma eleição presidencial atípica pelas particularidades de ocorrer após uma fratura democrática, e épica, pois o país, uma vez mais, se depara com uma encruzilhada histórica entre dois projetos antagônicos. Ou o Brasil seguirá sob ? s rédeas do campo político conservador em transição ? uma ordem liberal, neocolonialista e autoritária; ou sob a direção de uma Frente Ampla, de caráter democrático, popular e patriótico”, pontuou Luciana.
Segundo Luciana Santos, este é o momento de as forças de esquerda se posicionarem na disputa, apresentando seus projetos e programas uma vez que já não basta mais o “discurso saudosista, pois, embora o povo tenha boas lembranças do passado, hoje deseja mais”. Para Luciana, é momento de colocar no centro do debate os aspectos essenciais da luta pela retomada do projeto nacional de desenvolvimento.
“Estamos no mesmo campo. Os nomes que surgem para a disputa eleitoral possuem a legitimidade e a força de suas ideias. O ex-presidente Lula e Ciro Gomes são herdeiros da corrente política dos trabalhadores que se gesta na histórica greve de 1917, e que anos depois resultou na fundação do Partido Comunista, em 1922. Mas o PCdoB busca ser uma força política consequente e com audácia para propor novos rumos para o país”, destacou.
Neste contexto, Luciana reafirmou a busca do PCdoB por protagonismo no próximo pleito e oficializou a pré-candidatura da deputada estadual, Manuela D’Ávila (RS), ? Presidência da República.
“O PCdoB entrou para valer nesta disputa. Com Manuela, pré-candidata, o PCdoB irá interagir com o povo e os setores amplos da nação. Com a bandeira da Frente Ampla nas mãos, ela vai dialogar com a esquerda, com as forças democráticas, populares e patrióticas. Manuela irá ao encontro do grande anseio nacional de tirar o país da crise e encaminhá-lo para novos rumos de desenvolvimento e progresso”, reiterou Luciana.
Propostas
Para o PCdoB, segundo Luciana, não basta um conjunto isolado de iniciativas, o país requer um projeto que dê norte, que trace um caminho de como materializar as enormes potencialidades do Brasil e de sua gente.
“O Brasil vive uma encruzilhada, e na disputa eleitoral de 2018 teremos que fazer a pergunta: O que queremos como Nação? Que país queremos ser? Queremos ser o país que regride para o mapa da fome e do trabalho escravo, ou uma nação desenvolvida, que valorize o trabalho, a produção e a distribuição de renda? Queremos ser um país alinhado de modo subordinado ? s grandes potências, ou buscarmos, de forma autônoma, construir nossa inserção internacional? Queremos ser eternamente produtores de commodities, ou desenvolvermos uma indústria 4.0?”, indagou a presidenta do PCdoB.
De acordo com ela, a pré-candidatura de Manuela é instrumento para este debate.
Entre os pontos elencados na plataforma da legenda estão: o fortalecimento do Estado nacional; a retomada do crescimento com foco na inserção do Brasil nas cadeias produtivas mais dinâmicas da economia e um programa de reindustrialização; a ampliação da taxa de investimento em educação, tecnologia e inovação; reforma tributária progressiva; a reforma política do Estado, Tornar o Estado mais democrático, realizando reforma dos meios de comunicação, e do sistema judiciário; deter as medidas de desnacionalização da economia brasileira; reverter a emenda constitucional que cria o teto dos gastos públicos, a reforma trabalhista e a da previdência; fortalecimento do Sistema Único de Saúde; ampliação da oferta de educação pública e de qualidade, como instrumento de mobilidade social; políticas públicas de emancipação e de combate ? violência contra as mulheres, adotando políticas que assegurem seus direitos na esfera do trabalho, na educação; promoção da igualdade social para os negros; respeito ? liberdade religiosa e combate ? s descriminações; e o respeito ? livre orientação sexual.
Tempo de luta
Em sua fala, Luciana chamou atenção para o contexto político e econômico vivido pelo Brasil e reforçou a importância da luta contra o governo de Michel Temer.
“As elites conservadoras, não conformadas com a quarta derrota consecutiva nas urnas, optaram por um golpe como atalho político, ferindo a democracia e o Estado de direito. O governo usurpador que tomou de assalto o poder busca instaurar com celeridade uma nova ordem, de caráter neocolonial e neoliberal. Mas tem encontrado resistência nas ruas, no Parlamento”, disse.
Segundo ela, “os desafios da nossa época” ultrapassam as fronteiras e incidem na realidade do Brasil. “O processo acelerado em que se dão profundas transformações no sistema internacional, bem como as particularidades do capitalismo contemporâneo, suas crises e as disputas no tabuleiro geopolítico, são variáveis que incidem sobre a realidade político-brasileira e a luta pela retomada do novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.”
Para Luciana, a principal característica da “conturbada transição em curso é o declínio relativo da hegemonia da superpotência estadunidense e a emergência de novos polos de poder econômico, político, diplomático e militar, no mundo”.
“Os EUA, sob a presidência de Donald Trump, buscam recuperar o dinamismo de sua atividade econômica. No entanto, do ponto de vista externo, sua retórica belicista e a atitude hostil ? s demais nações contribuem para a perda cada vez maior de influência. De outro lado, o fenômeno mais representativo da tendência mundial é o protagonismo da China socialista como potência e a recuperação do poder nacional da Rússia, ambas atuando em parceria estratégica, além da existência do Brics (acrônimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). São países onde o Estado tem tido um papel central na estratégia de desenvolvimento, controlando setores estratégicos como grandes empresas e bancos de fomento, fazendo uso da política externa como instrumento do desenvolvimento. A resultante destes fatores é o fortalecimento das tendências ? multipolaridade e a desconcentração do poder hegemônico dos EUA”, pontuou.
De acordo com Luciana, a China socialista tem se destacado como um dos polos dinâmicos desse reordenamento do globo, e demonstra que “a alternativa socialista é viável, factível, e pode auxiliar a responder aos anseios da humanidade por paz, desenvolvimento e progresso social”.
Fonte: PCdoB