Na semana que passou, o Partido Comunista do Brasil, que começou com a sigla PCB, completou 95 anos, fundado que foi em 25 de março de 1922. Uma saga, considerando os partidos políticos em nosso país.
Nas primeiras décadas, foi forjado com a sagacidade dos antigos anarquistas, que vislumbrando novas perspectivas para a classe operária, avançam na compreensão de que a luta teria que passar pela fundação de um partido comunista de linha leninista.
Astrojildo Pereira foi o seu principal quadro político nos primeiros anos, mas não poderíamos de deixar de ressaltar dois grandes lideres, no primeiro momento com linhas anarquistas, mas a partir de 1922, com um posicionamento comunista, Otávio Brandão, alagoano, que será um dos principais quadros do partido. O outro será Antônio Canellas, carioca de nascimento, mas que atuou em Alagoas, na cidade de Viçosa, entre 1916 a 1919, junto com Otávio Brandão, elaborando jornais anarquistas. Depois de 1922, Antônio Canellas entrará para o partido, sendo o representante do PCB no 3º Congresso da Internacional Comunista, em Moscou, no ano de 1924.
O Partido Comunista do Brasil viveu a maior parte de sua existência na clandestinidade, valorosos combatentes do comunismo, tiveram a capacidade da resistência de manter viva a chama da ousadia revolucionária e perspectiva socialista.
Até 1962 o grande dirigente do partido foi Luís Carlos Prestes, líder inconteste, militar por formação, se filiará em Moscou, voltando ao Brasil antes do levante de 1935. É preso, sendo solto apenas em 1945, com o fim da ditadura Vargas.
Aliás, desde 1937, com a decretação do Estado Novo por Getúlio Vargas, mais uma vez a democracia é restringida em nosso país. O Partido Comunista do Brasil vai ser o partido mais atacado, milhares são presos, quase toda direção nacional do partido vai estar encarcerada e outros fugidos, vivendo na mais tenra clandestinidade.
Coube a dois paraenses, João Amazonas e Pedro Pomar, mais outros tantos e combativos comunistas, reorganizarem o partido a partir de 1943, na 2º Conferencia do Partido, que passou a se chamar oficialmente como “Conferencia da Mantiqueira”.
Na década dos anos 1950, aconteceu um racha interno não só no Brasil, mas em todo movimento internacional dos comunistas. Com a morte do camarada Josef Stalin, grande líder e dirigente do Partido Comunista da União Soviética, setores oportunistas, de linha reformista e revisionista dos pressupostos do marxismo-leninismo, tomam a frente dos destinos da Pátria Mãe do Socialismo, corroendo como um câncer o grande partido de Lênin e Stalin.
Denuncias contra Stalin durante a leitura do chamado “Relatórios Secretos”, que Nikita Kruschev apresenta durante o XX Congresso do PCUS, em 1956, não passa de um engodo, de uma grande mentira, os ataques não eram para Josef Stalin, sim para Lênin! Procuravam e ainda procuram atacar Josef Stalin, mas no fundo o ataque é sim contra Lênin e os marxistas.
Esta situação levará uma cizânia em todos os partidos comunistas do mundo, com os reformistas assumindo as posições de Nikita Kruschev, enquanto os revolucionários tomarão o rumo de combate ? s práticas antimarxista e leninista do grupo de Luís Carlos Prestes e outros.
Os reformistas alteram o nome do Partido, mudam o seu estatuto, numa tentativa tresloucada, achando que a Justiça Eleitoral da época concedesse o registro e legaliza-se o partido. O nome do partido proposto pelos revisionistas, um novo partido é bom dizermos, será o Partido Comunista Brasileiro, inclusive eles usurpam a sigla, com o nome PCB.
A bem da verdade, esta tática escondia o rompimento com a visão marxista e leninista de partido. O momento agora era apoiar cegamente os desígnios de Moscou, estabelecendo a visão da tal “Coexistência Pacifica”.
Mas o setor revolucionário não se curvará, publicará a “Carta dos Cem”, denunciando o golpe interno e a mudança no perfil de atuação do partido. Serão expulsos, mas expulsos de qual partido? Ora, como seriam expulsos do tal Partido Comunista Brasileiro se eles nunca foram deste partido, sim do Partido Comunista do Brasil, fundado em 25 de março de 1922.
João Amazonas, Mauricio Grabois, Pedro Pomar, organizam a Conferencia de 1962, elegem um novo Comitê Central e para não serem confundidos com os revisionistas, colocam o “do” na nova sigla, passando a se chamar a partir de então de PC do B.
Passando pela heroica Guerrilha do Araguaia, aonde infringiu derrotas ao Exército brasileiro em duas tentativas. Passando pela “Chacina da Lapa”, aonde dois três dirigentes são assassinados, o PC do B cresceu, influenciando sobremaneira a política nacional.
”O Partido iniciou, naquela Conferência, a trajetória que, superando depois as graves ameaças da ditadura militar de 1964, prosseguiu a trajetória vitoriosa que, hoje, o transformou na referência comunista em nosso país, com mais de 90 mil militantes, mais de 230 mil filiados, organizado em todo o país e com uma participação intensa na vida institucional (pela primeira vez na história, em todos os níveis de governo, da Presidência da República a governos municipais, do Senado e da Câmara dos Deputados, ? s Câmaras de Vereadores), no movimento social (entre as mulheres, negros, jovens, associações de moradores, etc.) e na vida sindical, intensificada com a construção da Centra dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil”.
Uma trajetória vitoriosa!