Conquistada a Independência, passados 195 anos, será que o Brasil atua de forma independente nos dias atuais?
Após a queda do muro de Berlim, em 1989, vivemos num mundo hegemonizado por uma potência que exerce sua influência econômica, cultural e militar de forma unipolar no mundo. Os valores, hábitos, costumes, cultura… dos EUA passaram a se enraizar em outros países, no Brasil não é diferente, muitas vezes até esquecemos que coisas do nosso cotidiano não são nossas, mas essa influência há muito tempo deixou de ser discreta.
Cresce o número de estabelecimentos comerciais que estampam suas marcas em língua inglesa. A equipe de trabalho é “staff”, o? jornal? “newslatter”, farmácia? “drugstore”, salão? de beleza “hair”, loja? é? “store”, promoção “on sale”, lojas de sapato carregam o “shoes” de sobrenome, academia é “fitness”… Nas rádios predominam as músicas internacionais, as bandas e artistas do “pop music”. No mundo da moda, uma overdose: blogger, fashion, look, plus size, top model…nada contra as tais blogueiras – até sigo algumas delas pelas redes, mas sem descuidar do meu senso crítico – só que algumas são exemplos concentrados de desvalorização da pátria brasileira e da subserviência estrangeira. Além da língua, têm a tal da bandeira dos EUA e da Inglaterra entrando e saindo de moda na estampa de roupas e acessórios.
Nossa! Depois de escrever esse parágrafo deu vontade de gritar “PÁÁÁRA TUDO! ACOOORDA!” Vem logo na lembrança a música “Filho da pátria iludido” do cantor Gabriel O Pensador:
“Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos
Eu fico puto
Eu fico louco
Eu fico logo mordido
Porque se fosse americano eu já não ia gostar
Mas o pior é brasileiro quando cisma de usar
Uma jaqueta ou uma camiseta com aquela estampa D’aquela porra de bandeira azul vermelha e branca!
Eu não suporto ver aquilo no peito de um brasileiro…
E ele saiu de casa crente que tava abafando…
Eu fico quase chorando
De pena de raiva de tristeza de vergonha…”
A língua integra a identidade cultural de um país, a bandeira do Brasil é um dos símbolos oficiais da nossa República. Quando não valorizamos o que é nosso, quem valorizará? Seremos um povo sem graça, sem características próprias que nos diferencie de outros povos? Seremos um país que ficará aguardando outro país dizer o tipo de música que devemos ouvir, a moda do momento a? ser seguida? Viveremos ? espera do dólar subir ou baixar porque boa parte de itens básicos do nosso cotidiano são oriundos do exterior? Impregnar um povo com a sua? cultura para conquistar sua obediência (ou o nome que queiram dar) é um arma tão poderosa de dominação quanto? as armas que atacam fisicamente numa? guerra e as remessas internacionais de dinheiro que geram dependência financeira. Aceitar tudo isso significa usar aquele tapa olho para cavalos que não os permite olhar para o lado, apenas seguir a direção que sua rédea indica.
Talvez seja taxada de jovem-velha, mas nos meus padrões de beleza e independência passam a noção de patriotismo e valorização da nossa cultura. No meu padrão, ser “chique” e inteligente é saber falar um bom português, conhecer nossa história, valorizar a nossa cultura; usar nossos erros como aprendizado e não como argumento para desvalorizar e se envergonhar do nosso país, usar nossos acertos e virtudes como instrumento para elevar o orgulho nacional para além da Copa do Mundo e Olímpiadas. Aquele ditado clichê de “quem ama cuida”, concordo com ele, que possamos amar mais nosso país, só assim cuidaremos melhor dele.
OBS:
– Já estudei inglês, pretendo concluir os estudos inclusive, da mesma forma que quero aprender francês, italiano…penso que o conhecimento liberta, o que não significa trocar de língua – é o que ocorre em muitos casos.
– Sei que não é fácil fugir desse cerco ao qual fomos envolvidos, já me peguei com esses dizeres estrangeiros, mas de pronto me corrijo.
– Não se trata de uma campanha contra os EUA ou qualquer outro país, mas de uma necessidade de defender o Brasil.